Racismo existe porque alguém lucra com ele

O racismo existe porque alguém lucra com ele com ações mais ou menos explícitas. Há alguns dias estive em Belo Horizonte e visitei o Mercado Central. O ponto turístico é um grande shopping dos apreciadores de queijos mineiros e fui até lá em busca de um meia cura. Saí de lá em choque diante de uma promoção que me fez saltar os olhos e não foi pelo preço do queijo e sim pelo nome da marcar: SENZALA.

Me perguntei como isso ainda era possível em pleno ano de 2023, mas logo lembrei que estamos em um país em que mulheres brancas ainda chicoteiam pessoas negras na rua e a TV aberta exibe ataques racistas em sua programação.

Fiquei inquieta com o nome do queijo que me lembrou de um restaurante com o mesmo nome e também de uma suíte de motel com o mesmo nome. Além de uma reportagem da amiga Cecília Olliveira, sobre uma fazenda no interior do Rio de Janeiro, onde os turistas eram recebidos por pessoas vestidas de sinhás e escravizados.

Reproduções que minimizam todo o horror que uma senzala e todo esse período representam. O queijo, fabricado por um casal branco, leva esse nome por ser curado pela primeira vez em uma antiga senzala – um ambiente que funciona para a fabricação de queijos e destruição de pessoas. Eles defendem o uso do nome que representaria a história da marca.

Escrevo sobre o assunto que parece banal diante de tantos casos horríveis que acompanhamos, mas que contribuem para a perpetuação de uma série de atitudes racistas – que inclusive nos afastam no mercado de trabalho – porque é esse tipo de coisa, de um modo ou de outro, naturaliza as violências que passamos e que continuamos a encarar.

O texto de hoje é um convite à reflexão enquanto buscamos as vagas que podem revolucionar nossas vidas.

Retornar