Preto não pode errar

Já falamos aqui na Firma Preta sobre como nossos erros podem ter consequências desproporcionais. Para o lado de cá a pancada é sempre mais forte. Além de precisarmos ser três, quatro, cinco vezes melhores que os brancos para ter nosso trabalho reconhecido, quando erramos o nosso castigo é sempre mais pesado. O preto não pode errar e quando ele erra todos os outros são cobrados por essa falha. As coisas não funcionam dessa forma para pessoas brancas que desfrutam do privilégio da mediocridade.

Quantos anos Will Smith se dedicou ao trabalho para ganhar um Oscar de melhor ator? Quantos filmes, personagens e histórias foram contadas pelo ator até que seu momento de glória chegasse? Tudo foi esquecido no estalar do tapa no rosto de Chris Rock (sim, outro homem negro que reproduziu violência em forma de piada).

Os anos de dedicação e a carreira não evitaram que Will fosse ameaçado de perder o seu prêmio, obrigado a se afastar da academia, ser banido por 10 anos do Oscar, que suas produções fossem suspensas e que o ator precisasse se recolher em um retiro para cuidar da saúde mental (sempre afetada). Quantos atores brancos abusadores ou agressores tiveram a mesma punição e repercussão?

O mesmo acontece no ambiente corporativo, colegas brancos tem seus erros relativizados, enquanto negros tem seus erros apontados e massacrados. A história de Will Smith nos mostra o quanto o racismo opera de diferentes formas. Quem não fica ligado, pode levar uma rasteira a qualquer momento, eles estão aí e estão passando.

Aqui na Firma Preta, errando ou não, você recebe as vagas da nossa curadoria da semana.

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