É preciso responsabilizar os brancos

Já ouviu falar do Observatório da branquitude? É a primeira organização da sociedade civil brasileira que busca analisar a identidade racial branca e suas estruturas de poder buscando evidenciar a responsabilidade dos brancos em todos os processos de desigualdades que nós, negros e indígenas, enfrentamos. Com uma equipe formada por profissionais negros, a organização trabalha com três eixos: produção de conhecimento, articulação política e comunicação.

“Embora haja um conjunto de organizações negras pulsantes, atuantes e fundamentais para a democracia, não havia uma que centralizasse a branquitude como motor das desigualdades raciais”, explicou Thales Vieira, coordenador-executivo do Observatório da branquitude. Na entrevista a seguir, ele detalha a atuação da organização.

Como surgiu o Observatório da Branquitude? 

Observatório é a primeira organização da sociedade civil brasileira que tem como tema principal a análise da identidade racial branca e suas estruturas de poder. A ideia nasceu justamente deste diagnóstico, que embora haja um conjunto de organizações negras pulsantes, atuantes e fundamentais para a democracia, não havia uma que centralizasse a branquitude como motor das desigualdades raciais. Portanto, o Observatório da Branquitude surge da necessidade de tirar o hiperfoco das relações raciais nos negros e indígenas e debater a responsabilidade, trazendo responsabilização para os brancos.

De que forma o observatório atua, o que monitoram e quais ações já desenvolveram?

A pretexto de definir a estratégia de atuação, a equipe do Observatório da Branquitude fez uma jornada de conversas com diversos atores da sociedade civil negra, organizações de direitos humanos e intelectuais. Como resultado dessas conexões, três eixos estruturam  as prioridades programáticas do trabalho, produção de conhecimento, articulação política e comunicação. Esses eixos estão presentes em todos os projetos e se vinculam de forma sinérgica como garantia de que todo conhecimento construído esteja a serviço das transformações sociais, alcance o maior número de pessoas e seja instrumento de mobilizações políticas que reduzam as desigualdades raciais.

Definimos três temas como prioridades estratégicas para curto prazo: educação, economia e sistemas de justiça. Estamos realizando pesquisas e monitorando a atuação da branquitude dentro desses temas e como é operado o sistema de privilégios raciais nesses temas. Estamos com interesse em entender desde a força contrária às cotas raciais, até o modelo de tributação que aprofunda as desigualdades raciais.

Quais os objetivos do Observatório da Branquitude e os planos futuros?

Para o futuro próximo queremos nos estruturar institucionalmente com aumento de equipe e, por consequência, amplitude das ações. Temos um plano de crescimento bem delineado e sustentável. Pretendemos que nossa atuação seja também motor de crescimento para o ecossistema em que estamos inseridos, portanto, como já temos feito, queremos trabalhar em estreita colaboração com organizações, coletivos e pesquisadores/as/es negros/as/es para evidenciar aspectos de suas pesquisas, incentivando que seus temas ganhem aderência no debate público, e assim fortalecer organizações negras e centros de pesquisas.

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