A periferia também estuda na gringa

Vivendo há seis anos na Polônia, entendi a importância de termos pretes morando, estudando e trabalhando no exterior. Eu sou Louise Ferreira (pode me chamar de Luli), de Mesquita-RJ, percorri o caminho das pedras e vou compartilhar na Firma Preta esse conhecimento para aumentar nossa presença dentro e fora do Brasil. Minha ideia é discutir com vocês como tornar os processos seletivos, que costumam ser bastante elitistas e demandar um investimento pesado, mais acessíveis.

Aqui em Cracóvia há quase 200 brasileiras. No entanto, somente cinco delas são negras – me incluo nesse pequeno grupo. As bolsas acabam ficando nas mãos das mesmas pessoas de sempre de classe média alta e brancas. Precisamos levar nossas pautas para esses programas e agregar nosso conhecimento. A periferia também pode estudar na gringa e preto pode – e deve – ser pesquisador. Muitas vezes não sabemos por onde começar, mas eu conto.

O primeiro passo é nos questionar em uma auto-avaliação quais são nossas necessidades e limitações que precisam ser trabalhadas. Precisamos ver o que corresponde ao nosso perfil (pessoal ou profissional) e pode trazer mais benefícios para o futuro. Quando procuramos uma oportunidade financiada também é importante sabermos o motivo pelo qual queremos fazê-la para termos uma boa justificativa na hora da candidatura. É importante que os editais sejam lidos com cuidado para adaptar as respostas ao que os avaliadores procuram, como impactos sociais e colaborações. Pense no que você pode aprender e passar para as pessoas durante e depois do programa.

Outro ponto importante, é que muitos dos processos no exterior pedem testes de proficiência em inglês e eles custam na faixa de R$ 1.000 e são válidos por dois anos. Eles podem ser usados para diferentes inscrições. Por isso, é importante que você escolha um exame amplamente aceito – como o TOEFL e IELTS – e que já saiba em que  processos irá usá-los. Prometo um texto só sobre esse assunto que atormenta muitos candidatos.

A estrutura faz com que a gente acredite que não podemos chegar longe, mas a gente pode fazer muito mais do que o que foi planejado para gente. Volto em breve para continuar esse papo com vocês. Mas deixo aqui duas dicas de editais que estão abertos neste momento:

  • Chevening Scholarships: bolsa maravilhosa para mestrado de um ano no Reino Unido para estudar qualquer área. Tem todos os anos e oferece muitas vantagens como pagamento de taxas administrativas das universidades, passagens aéreas e ajuda até para tirar o visto. Você precisa ter dois anos de experiência profissional e voltar para o Brasil quando terminar a bolsa (estou tentando o processo este ano). Prazo: 01/11/2020
  • Eiffel Excellence Scholarship Program: bolsas de mestrado (nascidos depois de março de 1995) e doutorado (nascidos depois de março de 1990) para estudar na França em áreas específicas. A bolsa oferece ajudas mensais, passagens aéreas, passagens de trem dentro da França, reembolso de taxas de transportes locais e algumas atividades culturais e seguro saúde. Prazo: 08/01/2021

📩  Se você tem dúvidas sobre estudar em outro país, nos envie um email e me conte o que você gostaria de saber para que eu possa responder: firmapreta@gmail.com.

Até a próxima.

Louise Ferreira – @lulilulise

Nascida na cidade do Rio de Janeiro, mas, para sempre Mesquitense. Formada em Relações Internacionais pela UFSC e com Mestrado em Estudos Culturais (especialização em Estudos Transatlânticos) pela Jagiellonian University, na Polônia. Passando por alguns trabalhos corporativos para sobreviver em Cracóvia, procurando meu espaço na militância, e atualmente exercendo o papel de Oficial de Recursos Humanos com foco em diversidade e inclusão para a organização Shaping Horizons. Amante de cinema clássico, videogames e uma variedade musical focada na nostalgia.

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